quarta-feira, 25 de junho de 2025

Suicide Note Pt. X (Pós-crédito de uma vida)


Já morri tantas vezes por dentro
que o corpo apenas seguiu o roteiro.
Fingi viver em jantares, encontros familiares,
em sorrisos que doíam mais que a própria verdade.

O túmulo não é a cova,
é o quarto com a luz apagada,
o som do letreiro em um filme ecoando,
e a resposta sempre velada.

Escrevo agora como quem
já tentou ser protagonista
e agora escreve a lápide da própria alma:
aqui jaz alguém que tentou —
mas o mundo era um espelho que se rachou.

O tempo sangra, bem mais que uma cena.
As palavras são pregos na madeira,
e a vida… apenas uma cerimônia
onde o morto levanta e vai embora antes do fim.

Não me vistam de branco,
não cantem hinos de paz.
Minha participação foi silenciosa.
Quando eu mais precisava, ninguém estava
para ouvir o último disparo.

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