quarta-feira, 25 de junho de 2025

Suicide Note Pt. X (Pós-crédito de uma vida)


Já morri tantas vezes por dentro
que o corpo apenas seguiu o roteiro.
Fingi viver em jantares, encontros familiares,
em sorrisos que doíam mais que a própria verdade.

O túmulo não é a cova,
é o quarto com a luz apagada,
o som do letreiro em um filme ecoando,
e a resposta sempre velada.

Escrevo agora como quem
já tentou ser protagonista
e agora escreve a lápide da própria alma:
aqui jaz alguém que tentou —
mas o mundo era um espelho que se rachou.

O tempo sangra, bem mais que uma cena.
As palavras são pregos na madeira,
e a vida… apenas uma cerimônia
onde o morto levanta e vai embora antes do fim.

Não me vistam de branco,
não cantem hinos de paz.
Minha participação foi silenciosa.
Quando eu mais precisava, ninguém estava
para ouvir o último disparo.

terça-feira, 24 de junho de 2025

Nadando contra a correnteza

 

Me ajude a sair desse problema
Eu não consigo mais dar um passo à frente
Pergunta como eu me sinto, para ter certeza
Estou nadando contra a correnteza

Me ajude a sair disso
Sei que não consigo
É quase um ofício, então eu suplico
Por fora eu omito, mas por dentro sei como me sinto
É exaustivo, doloroso ver lá fora pessoas sorrindo
E aqui, dentro, pensando em acabar com tudo isso

Parece que foi ontem, ouvi meu nome
Deitado na cama, em sonhos, chorei um monte
A tristeza não esconde, mas me consome

Me ajude a sair desse problema
Eu não consigo mais dar um passo à frente
Pergunta como eu me sinto, para ter certeza
Estou nadando contra a correnteza

Tentei fingir, tentei mudar
Mas sempre algo volta para assombrar
Fantasmas do passado, família desestruturada
Relacionamentos falhos e a autoestima abalada

Me ajude a sair desse problema
Eu não consigo mais dar um passo à frente
Pergunta como eu me sinto, para ter certeza
Estou nadando contra a correnteza
Que, ano após ano, só aumenta a minha tristeza
A indiferença do mundo com quem precisa ser ouvido
Para os olhos ficarem coloridos, basta um ombro amigo

Eu via o mundo com confiança, achando que algo ia mudar
A confiança nas pessoas em quem eu acreditava, que só querem te apunhalar
Um mundo sem esperança é um lugar em que não quero ficar
Com uma bala na cabeça, serei livre para ir onde deveria estar.

Me ajude a sair desse problema
Eu não consigo mais dar um passo à frente
Pergunta como eu me sinto, para ter certeza
Estou nadando contra a correnteza

sábado, 25 de janeiro de 2025

Minha Dor

 

 

Eu não quero partir
Eu não quero sangrar
Por que a vida me trata como se eu fosse uma doença?
Eu não quero uma cura
Só quero ser eu mesmo
Exausto da vida, eu só quero ser livre

Mesmo que seja apenas um fragmento da mente
Seria difícil demais de explicar na sua forma divina
Ao mesmo tempo, ainda tento simplificar meus pensamentos nessas linhas
Passei a vida acreditando que essa vida não me pertence

Nunca percebi as coisas que tinha, até que elas me deixaram
É como se o meu próprio ser estivesse tentando me enganar
E quando se vão, é como se eu não conseguisse parar de lamentar
Agora nunca mais as terei de volta
São apenas memórias sem resposta

Como se o meu cérebro quisesse pregar peças
Como se ele quisesse que eu suma, fuja ou morra
Não consigo nem mais controlar
Uma engrenagem que está prestes a parar de funcionar

São muitas emoções...
Muitos meios destrutivos
Pessoas por aí se drogando... suicí... (pare)
Estou perdendo o foco
Me pergunto quem escreveu isso tudo?

segunda-feira, 8 de julho de 2024

Religião Descartada

 

Não entendo porque as pessoas rezam todo dia.
Que clamam por seu nome, vão na missa.
Você é aquele cara que morreu para nos salvar,
porque também trouxe morte e doença para cá.

Essa é a minha relação eu e deus.
Eu fico no meu canto e você fica no teu.
Pode ser porque eu seja um ateu,
por isso que eu não sou um dos seus.

Eu sei é difícil acreditar.
A ciência está aí para provar.
Mas é que tem uns que querem se aproveitar,
ficam utilizando de seu nome para faturar.

É por isso que eu não tenho um ser divino.
Sigo o meu próprio caminho.
As coisas que eu conquisto
são pelo meu mérito e não fictício.

"Para falar mal tem que ter lido."

Li o seu livro e me deu desgosto.
Usei de jornal para o meu cachorro.
Não sou duas caras, não preciso mudar.
Antigo testamento está aí para provar.

Escondendo as merdas que se falou,
a mim você não ganhou.
Apenas assinaria a rubrica.
Hoje seria linchado em praça pública.

sábado, 30 de dezembro de 2023

Fragmentos da Solidão (Suicide Note Pt. IX)

 

Tenho medo, não sei por que ainda estou aqui,
já tentei várias formas de poder fugir.
Aquela margem, falta coragem e fico pensativo,
será que alguém vai lembrar de que não estou vivo?

Deito na cama e fecho meus olhos,
um frio na espinha gela meus ossos.
As lágrimas caem sobre meu rosto,
não sei por que não estou morto.

O mundo é opressivo, se não segue um caminho,
ele te joga do abismo, escuro e sozinho.
Nas noites mais longas, a solidão se faz forte,
a esperança desvanece, a dor é sua sorte.

No corte é onde encontro meu abrigo,
Entre lâminas afiadas, um breve alívio.
Mas no silêncio que se segue, a dor persiste,
uma angústia contida, uma agonia que insiste.

No escuro do quarto apenas um eco,
vozes da minha mente me guiam ao incerto.
Cheguei no topo do céu ou no fundo da garrafa?
Se puxar o gatilho tudo vai ficar como estava?

Vão lembrar do que sou, vão lembrar do que eu era?
O que eu pretendia ser e o que o futuro me espera.
Uma vaga lembrança de uma página rasgada,
uma alma perdida em meio ao nada.

domingo, 17 de dezembro de 2023

Novos Horizontes (Suicide Note Pt. VIII)


O sol nascente, num céu sem cor,
O precipício à frente, minha dor.
Aguarde até eu voar para partir,
E desfazer tudo que um dia quis construir.

Desfazer os laços, quebrei os planos,
No vazio do horizonte, são só enganos.
Desisto dos sonhos que ousei abraçar,
Afundo no abismo, sem olhar para trás.

O sol já não aquece, apenas adormece,
Na jornada solitária, a alma padece,
Despedaçando o último resquício de ilusão,
Encerro assim este ciclo de solidão.

Em asas frágeis, corto o céu a esmo,
Rumo ao fim, ao caos, ao extremo.
No eco do silêncio, o ponto final,
Acabando com tudo, sem deixar sinal.

terça-feira, 22 de agosto de 2023

Sombras e Reflexões

 

Éramos felizes ou será que eu não compreendia,
Talvez essa seja a minha sina,
Acreditar que compartilhávamos uma história,
Talvez ele escrevesse certo por linhas tortas.

Mesmos gostos, mesmos passatempos,
Dando tempo ao tempo, esperando meu momento
Sensação de estar dançando com a morte
Perdendo meu norte, esperando que se importe

O tempo já cessou, a chama apagou,
A química que fluía já não era mais a mesma,
Dizem que polos opostos se atraem,
Mas, na verdade, os polos idênticos se repelem.

Entre vielas, no abismo profundo,
Conselhos, desabafos, um ser moribundo,
Esta é a rotina, no dia a dia,
Bebo à noite, apenas para regurgitar de dia

Vou conceder-me um intervalo na vida,
Ao olhar para trás, não vislumbro outra saída,
Deixar que a saudade me guie,
E a sombra do passado me acompanhe.

No silêncio das reflexões, ao lado da privada,
Encontro conforto na garrafa, minha aliada,
Hora de erguer-me, mesmo que seja tardio,
Procurar algo que preencha meu vazio.

Como dizem por aí, "Mente vazia, oficina do diabo",
Eu estava cavando minha própria sepultura, meu espaço,
Não tenho para onde ir, não vou me desculpar
Pois, em algum momento, a vida irá te cobrar.