domingo, 12 de dezembro de 2010

Exploração?



Antes que amanhecesse, cheguei disposto e arquitetei cada passo como se fosse o único.
Cada máquina em seu devido lugar, à espera da agitação rotineira.
Canetas, lapiseiras, papéis, impressoras todas em perfeito estado prontas para serem utilizadas.
Aquele cheiro gélido do ar condicionado preenchia meus pulmões enquanto respirava vagarosamente, tentando sugar cada minuto daquele evento.
Finalmente ela chegara. O perfume barato invadiu minha sala, o barulho do salto ecoava enquanto preparava-se para iniciar seus afazeres. Eu descobri seu segredo há pouco tempo. Fotos, recados, lenços usados, copos marcados pela minha saliva. Vestígios da minha vida reunidos no arquivo pessoal daquela criatura minúscula, desprezível.
Ao abrir displicentemente a porta da sala, assustou-se com minha presença forte, solitária, sentado com as mãos no queixo, meus olhos gélidos, penetrando em cada lugar do seu corpo.
- “Doutor! O Senhor po-por aqui tão ce-cedo!".
Era asqueroso o seu nervosismo, era repugnante o desejo em seus olhos. Como poderia considerar-se digna de tocar-me? Fui direto, rápido e cuidadoso.
- “Quero que tranque a porta da minha sala, por favor”.
- “Co-como, Senhor?”.
- “Estou ordenando que tranque a minha sala, quer que eu desenhe?”.
Rapidamente, com um sorriso malicioso, ela dirigiu-se à porta, quase tropeçando nos pés magros e encardidos. Voltou com um olhar curioso, fitou meu semblante em busca de uma resposta.
Levantei-me vagarosamente, empurrei seus ombros para que sentasse. Amarrei delicadamente seus pulsos para trás. Juntei, com certo nojo, sua canelas ásperas em torno de um laço. Enquanto ela me observava com uma expectativa maliciosa, um desejo podre que emanava de suas saias, o busto arfando numa respiração acelerada, seu hálito cadavérico invadindo minhas narinas.
Cada dedo seu foi cuidadosamente triturado no apontador elétrico.
Cada orifício foi devidamente preenchido com esperma e papel grampeado.
Seus olhos foram lavados com álcool e cravados com lápis.
Seus seios caídos tiverem os mamilos tostados pelo meu isqueiro de prata.
Seus dentes foram quebrados a murros pelo meu soco inglês.
Sua cabeça furada com a ponta da chave do meu carro.
Ela estava linda, sensual. Estava de quatro, nua, humilhada, arrasada. Lavei minhas mãos, tirei algumas fotos para diversões posteriores. Arrumei meu cabelo, fitei meus olhos frios no espelho e sorri. Aquele sorriso pelo qual ela se derretia. Gargalhei alto, soltando aquela voz que fazia aquela vadia tremer inteira. A camisa preta, que contrastava com minha pele quase incolor, dada de presente por ela, a própria ordinária que agora grunhia humilhada na minha sala.
Saí, liguei meu carro e dirigi. Não sei onde ela está agora. Sei que no momento estou sentado, na minha cozinha, com as mãos no queixo meus olhos cor de cinzas, penetrando cada parte do corpo da minha doméstica. Essa criatura minúscula e desprezível.

PS: Post número 88!
Deutschland über alles!

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