domingo, 7 de novembro de 2010

Reflexões filosóficas entre a privada e o coliforme fecal


Pronto. Reltih acabara. Não há mais aquele peso em seu corpo. Uma breve respiração de alívio. Levantou-se, olhou para a privada e analisou a obra: “Duas zyklon B e um napalm. Ok está proporcional à janta de ontem”.
Despediu-se do bolo marrom e apertou a descarga. O barulho da água descendo pelo cano ecoou em sua mente como o ronco do motor de um fusca velho. Algumas gotas de suor escorreram pela sua face. Pegou a cerveja que estava em cima da pia e serviu-se de um gole. Olhou para a revista que estava lendo, aberta nas páginas de um anúncio de roupas íntimas femininas. Pensou em bater uma punheta, mas o calor intenso derreteu seu ânimo.
Puxou uma tira de papel higiênico e esfregou-a no ânus. O cheiro da essência intestinal se espalhou ainda mais no ar. "O próximo que entrar aqui está fodido", pensou. Jogou a folha suja, pegou outra e repetiu o movimento. Dessa vez o pedaço foi demasiado pequeno, sentiu flocos semelhantes a feijão se dissolverem ao contato com sua mão. Não ligou, depois só precisaria lavá-la. Enquanto eliminava aqueles detritos de sua bunda, distraiu-se olhando a água imóvel no vaso. O reflexo de seu rosto misturava-se ao filete de luz que penetrava pela janela. Relembrou os momentos que passara. O esfíncter relaxando, o reto se contraindo, até que aquele grosso chocolate começara a sair. Primeiro o maior pedaço. A encomenda deslizando aos poucos, o primeiro filete da transpiração caindo pela testa. Os movimentos peristálticos se tornando mais difíceis até o auge do ato, aquele momento em que se pensa que a cabeça vai explodir. Então o objeto roliço se desprende e pousa na água, lançando alguns pingos na bunda. Depois, o segundo e terceiro pedaços. Esses dois últimos foram causa de decepção. Um puta esforço para cagar troços menores que um brigadeiro. De repente, batidas na porta:
Ô, meu! Vai demorar muito?
- Já saio.
- Eu preciso usar aí!
- Já disse que já saio!
- Mas o que diabos você está fazendo aí, para demorar tanto?
- Ora, não interessa!
- Você está aí faz meia hora.
- Cacete! Eu tô cagando enquanto imagino que a privada é a cara da sua mãe, por isso a demora!
- Vá se foder!
A voz se calou, mas não sem antes meter um chute na porta. Reltih se olhou no espelho, talvez 3 ou 4 rugas de sua face resultado das cagadas de sua vida. "Ótimo duplo sentido", filosofou. Passou mais algumas folhas de papel higiênico entre as nádegas. Não se limpou completamente, mas aquele papel vagabundo estava quase arrancando sangue de seu cu. Abriu a torneira e enfiou as mãos debaixo da água. Esfregou-as com sabonete, se concentrando mais na mancha marrom que estava na palma de uma delas. Olhou para a cerveja, sentiu vontade de tomar outro gole, mas achou melhor não. "Deve estar com gosto de mijo". Terminou de se higienizar, fechou a torneira e enxugou as mãos. Jogou o resto da cerveja na privada e acendeu um cigarro. Deu uma mijada para se despedir do banheiro e saiu.

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